Disciplina rima com Liberdade: Como a rotina me tornou mais criativa e focada

Vivemos numa época em que a palavra "rotina" parece sinónimo de tédio. Procuramos constantemente a novidade, o inesperado, o imediato. Mas a verdade é que foi na disciplina que encontrei a maior liberdade — liberdade de criar, de pensar, de liderar e de me reinventar.
Durante muito tempo acreditei que a espontaneidade era o motor da inovação. Hoje sei que é a consistência que abre espaço para a criatividade. O que me torna mais livre não são as exceções, mas os hábitos que decidi construir e seguir afincadamente.
A disciplina como base da liberdade
Acordar cedo, treinar diariamente, cuidar da alimentação, tomar suplementos, fazer terapia e organizar o tempo com rigor. Pode soar rígido, até "militar". Mas é essa estrutura que me permite viver com mais energia, estar mais presente e ter clareza mental para decidir. É no cumprimento de pequenas regras que alcanço objetivos, que celebro vitórias, porque alcancei determinada meta, consegui!
É um paradoxo: quanto mais rigor imponho ao meu dia, mais espaço ganho para ser criativa e flexível. A disciplina não é uma prisão — é um trampolim.
Lições do ginásio para a vida profissional
Na prática frequente e consistente de exercício físico, aprendi factualmente que não existem resultados sem repetição. Não é o treino espetacular de um dia que transforma o corpo, mas a consistência silenciosa de todos os dias. O mesmo podemos transpor para o nível mental, não é a conversa de almoço com as amigas, que essa também é muito boa, é a terapia, são as sessões repetidas de forma organizada com um/uma profissional.
Também ao nível profissional: não são os momentos de glória isolados que definem uma carreira, mas sim a soma de pequenas vitórias, de processos bem executados, de inúmeros fracassos e momentos de aprendizagem, compromissos cumpridos e repetição de ações estruturadas.
Tal como os músculos se desenvolvem com esforço contínuo, também a criatividade floresce quando há uma base sólida de disciplina.
O poder de dizer não
Ser disciplinada é também aprender a dizer não. Não às distrações, não ao que não acrescenta valor, não ao que mina a energia. Não àquilo que não conseguimos chegar, ou para chegar vamos entrar em modo "malabarista".
O "não", não fecha portas; abre espaço para o que realmente importa. E quando libertamos energia daquilo que não nos acrescenta, recuperamos tempo para pensar de forma inovadora, para liderar com mais clareza, para estar disponíveis para quem conta.
Disciplina é autocuidado
Muitos confundem disciplina com dureza. Para mim, disciplina é cuidado — comigo, com a minha saúde, com o meu futuro. É escolher conscientemente o que me aproxima daquilo que quero ser. É um ato de amor próprio, não de repressão.
Existe uma narrativa cultural que associa "divertido" a "espontâneo" e livre de amarras, regras. Quem tem muitos rituais pode ser visto como demasiado previsível, inflexível e "chato". Muitas vezes este julgamento vem da comparação: se o outro consegue e eu não consigo, então tem de haver uma narrativa que explique essa realidade.
É importante colocar a tónica no autocuidado, na visão de futuro e no propósito. Não se trata, ou pelo menos não deve tratar-se, de rigidez, de fuga, trata-se de um caminho, que em consciência escolhemos percorrer. Hoje, olho para a disciplina não como um fardo, mas como um atalho para alcançar maior liberdade. É ela que me permite sonhar mais alto, criar com mais confiança e viver com mais presença.
Se a vida é feita de escolhas, escolhi esta: ser disciplinada para ser livre. E pelo meio acreditar que "fiz a limonada com os limões que me tocaram".
Nada disto é perfeito, é real!