Saúde mental no trabalho

Nunca se falou tanto de saúde mental, de bem-estar psicológico, de preocupação com o outro no geral. Compreensível porque a acessibilidade hoje a toda e qualquer informação é extremamente facilitada e porque o próprio mundo procura equilibrar injustiças, preconceitos, desequilíbrios do passado, promovendo novas preocupações e posturas e um "palco" onde todos podem "gritar a plenos pulmões" a sua verdade.
Venho falar de um tema que me é "querido", considerando-o uma ferramenta essencial a ser desenvolvida e promovida por aqueles que são os empresários do nosso País.
Falo-vos em termos gerais da promoção da saúde mental no local de trabalho e em termos particulares da medida objetiva da mesma e o seu impacto no individuo, no grupo, na entidade e na sociedade.
O trabalho tanto pode somar realização como pode somar desgaste emocional, tanto pode ser uma fonte de apoio e suporte em termos de grupo, como um gerador de pressão e isolamento. Quando esta pressão é excessiva pode conduzir a um esgotamento. O chamado burnout, esgotamento nervoso associado ao trabalho, que tem vindo a crescer desde a pandemia, não só em termos de interesse como também o número efetivo de casos diagnosticados. Dentro e fora de Portugal. A solução está também aqui na prevenção e na informação.
Existem quatro pilares básicos a considerar quando pretendemos construir um ambiente mental health-friendly no local de trabalho, a saber:
- Comunicação – acessibilidade, respeito e feedback;
- Política de inserção de medidas de diversidade, equidade, inclusão e sentido de pertença (DEIP);
- Equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
- Facilitar o acesso a recursos de ajuda profissional.
Em termos de comunicação, independentemente do tamanho da empresa, do grau de estruturação da mesma e da hierarquia é fundamental implementar momentos de partilha. Os mesmos devem ser frequentes, consistentes e permitir sempre um "momento mais relaxado", entre os pares e entre as chefias. A porta de acesso à "chefia" mais imediata deve de estar aberta, com organização, mas fácil de aceder, com respeito pela pessoa única que cada um é e pelo seu universo e enquadramento pessoal. Também é um must providenciar feedback, avaliar, comentar. É importante ter informação, quer num sentido positivo, quer num sentido menos positivo e, para as empresas, esta promove a possibilidade de melhorar os processos internos e estreitar os relacionamentos, aumentando o nível de satisfação com a marca.
Os princípios de Diversidade, Equidade, Inclusão e sentido de Pertença, devem de estar presentes nos valores e práticas da empresa, independentemente da sua dimensão. A adoção dos mesmos potencia a inovação, a performance em equipa e a motivação dos colaboradores, fatores que são essências para qualquer organização prosperar, para o individuo em particular e para a sociedade no geral.
Para manter e atrair talento já não basta um salário atrativo e um projeto de progressão de carreira, tem que haver uma proposta de equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, seja ela em termos de trabalho híbrido, se e quando possível, seja em termos de iniciativas que promovam o bem-estar dos colaboradores. E nesse sentido fomentar ajuda em termos de saúde mental pode ser uma ferramenta para atrair, reter e produzir mais e melhor.
Quando há um investimento em saúde mental no âmbito profissional ao nível dos colaboradores:
- Aumenta a produtividade;
- Aumenta a identidade e sentimento de pertença;
- Aumenta a possibilidade de atrair e reter o melhor talento e recursos;
- Evita o burnout;
- Aumenta o valor da marca, dentro e fora da empresa;
- Em última análise, conduz a lucro.
Faz por isso todo o sentido procurar ferramentas que possam medir estes eventuais níveis de desgaste nos colaboradores e oferecer ajuda profissional sempre que fizer sentido. Esta ajuda deve ser ao nível do acesso facilitado a psicólogos e psiquiatras, nutricionistas e promotores da saúde no geral.
Há aqui uma responsabilidade social por parte das empresas em promover o acesso a estas possíveis soluções, prestando um serviço à sociedade e gerando uma cultura empresarial de sucesso, promotora de felicidade e bem-estar. E como muitos estudos já revelaram a felicidade dá dinheiro! Isto já não é esotérico, a aposta nas pessoas é a aposta mais inteligente e a mais lucrativa, sempre!
Muito em breve voltamos ao tema e quem sabe às soluções):