É a perfeição um must?!

Tenho que ter redes socias, tenho que ter uma vida super empolgante, tenho que gostar das coisas certas, tenho que ser gira, esperta, viajar, ser uma mulher excitante, talvez não possa dizer mulher, ter filhos giríssimos, passar muito tempo de qualidade com eles, ser ponderada, ser, ter, tenho?! O que é isto de ser perfeito? Existe? Temos que aderir?
A resposta clara e objetiva é não!
Não existe perfeição e não temos que nada, a não ser aquilo a que realmente nos propusemos. Para isso claro é importante saber o que queremos e quem somos e trilhar o caminho com essa consciência.
A tentativa de alcançar o impossível, como por exemplo a ideia de perfeição, aumenta ainda mais o sentimento de angústia. É importante reconhecer as nossas inevitáveis imperfeições, aceitar, refletir que existe dor e é suposto existir, derramar lágrimas, ter rugas, mau cabelo, borbulhas, irritação, frustração…. Por isso, é fundamental não criar uma ilusão de perfeição e ausência de problemas na vida dos outros.
E aqui entram as redes sociais. A procura pela vida perfeita nas redes sociais é uma tendência cada vez mais evidente, uma espécie de fuga da realidade. Com isso, muitas pessoas, sem terem consciência, são afetadas psicologicamente e acabam por desenvolver quadros de angústia e ansiedade que podem conduzir a outro tipo de patologias e consequências. Esse tipo de comportamento, conhecido como positividade tóxica, cria uma imagem distorcida da realidade, um ideal de felicidade a qualquer custo, que não é viver, não é a vida, ninguém é feliz o tempo todo.
No entanto, é importante perceber que, por detrás dessas publicações existem pessoas que podem estar a passar por dificuldades ao nível da saúde mental, relacionamentos tumultuados ou dificuldades financeiras. Estas experiências reais e autênticas não são partilhadas, criando uma ilusão de perfeição e de ausência de problemas, e isso pode gerar pressão para quem segue, levando-os a comparar as suas próprias vidas de maneira negativa. Esta é uma situação muito frequente hoje em dia e, geralmente, quando nos comparamos, temos a tendência a considerar que "a galinha do vizinho é melhor que a minha" e esquecemos que as redes sociais são feitas de momentos selecionados e não capturam os desafios, os defeitos e as dificuldades.
A positividade tóxica não se trata apenas de promover o pensamento positivo, o otimismo ou compartilhar momentos felizes, há também uma negação de emoções legítimas, como tristeza, raiva, frustração e medo, e cria uma pressão social para que as pessoas apresentem uma imagem constantemente feliz e bem-sucedida de si mesmas.
Um dos maiores riscos é precisamente a criação de expectativas irrealistas, encorajar a fuga e a vergonha, impactar a saúde mental, distorcendo a comunicação e logo a possibilidade de receber apoio, seja de profissionais ou de amigos/familiares.
No entanto, é crucial tomar medidas e definir estratégias para lidar com todo este "fascínio" e "perfeição". Primeiro, cultivar esta consciência relativa às redes sociais e aos outros no geral, muitas vezes é mais a necessidade desses outros do que propriamente a nossa, por isso é importante desenvolver empatia e compreensão. É essencial definir limites saudáveis relativamente ao tempo que se passa nas redes sociais: marque horários de relax e para espreitar as redes, evitando estar sempre a "Scrollar".
Mais importante a nossa vida não deve de ser medida em relação à de outras pessoas, há que definir as nossas próprias metas e celebrar essas conquistas únicas. Dedique tempo a atividades e interesses que não envolvam as redes sociais. Isso ajuda a equilibrar a sua vida digital com a vida real. Um período de pausa pode ser revitalizante.
Por isso e resumindo, não temos que nada, não temos que ser perfeitos, nunca seremos perfeitos, vão existir momentos, certos, errados, bons e menos bons. E isto parece tão certo!